Por que criar um RPG novo?

O RPG vivenciou uma espécie de ‘boom’ nos últimos anos. A quantidade de pessoas jogando aumentou, velhos títulos passaram por renovações. Muitos RPGs novos surgiram seja repetindo fórmulas consagradas ou experimentando em universos em que nenhum humano jamais esteve. Esse crescimento foi particularmente impulsionado pela internet; pela facilidade de acesso a PDFs (e, sim, à pirataria) e pela interação proporcionada por plataformas como o discord, influenciadores e seus canais de youtube, streamers e comuindades que chegaram até a inovar jogando RPG por texto no whatsapp (lembra do play by email, então…).

Esse momento gerou também uma onda de pessoas que, além de meros hobbistas, resolveram se enveredar pelo caminho do design de jogos, criando sistemas de jogos. Sobre isso, encontramos debates acalorados nas redes sociais. De um lado, temos grandes críticas para os ditos “sistemas próprios” – um termo que já os coloca no campo pejorativo -, e, por outro lado, sistemas indies, independentes, termo que já conota relação com games e bandas independentes de rock, o que parece mais estiloso e menos amador.

De fato, grande parte dos “sistemas próprios” são, no fundo versões precárias de sistemas já existentes, como D&D e Storyteller, tratando-se mais de adaptações com house rules para chamar de próprias do que algo que valha a penas ser aprendido e jogado. Por esse motivo, frequentemente nos perguntamos: por que criar algo se já temos um produto excelente ocupando aquele espaço? Precisamos de outro sistema genérico de RPG como GURPS? Se temos D&D para uma fantasia medieval clássica de hack’n’slash, devemos fazer um novo?

Isso não significa, também, que não existam bons RPGs indies sendo criados mecânicas próprias, mecânicas completamente inovadoras, estilos de jogos, narrativas e lores que trazem frescor ao jogador antigo ou ideias ainda não totalmente desenvolvidas pelos RPGs consagrados. Ou misturas de várias dessas coisas que valham a pena dar uma olhada… Não se deve, portanto, jogar o bebê fora junto da água do banho: explorar novos rumos é salutar, conhecer algo novo pode ser tão emocionante e interessante quanto aquela velha e boa sensação adolescente de explorar algo pela primeira vez.